São Miguel está cravada na carne de Minas feito uma espada de lâmina escura. Os raros brilhos deste metal são as minguantes luzes da cidade quando a noite cai e as sombras se levantam. São Miguel é a coroa de obsidiana que afunda na relva de um adormecido campo de batalha. São Miguel é o verso mais tenebroso de uma saga ainda em escrita, cuja pena embebida em sangue, deixa no papel fragmentos de passado, presente e futuro.
São Miguel respira o sangue e o aço que a forjaram sob os mais fantásticos monstros da noite. Ainda que seu nome venha do Arcanjo Guerreiro, há muito, há tanto, São Miguel tornou-se o bastião das sombras. Terra de sádicas e cruéis criaturas da noite. Parte demônios, parte humanos, ainda que – é preciso dizer – tal humanidade escorra pelos ralos do progresso.
Fundada há 311 anos, São Miguel hoje reina no centro-oeste de Minas Gerais, equiparando-se à irmã caçula e hoje capital Belo Horizonte. Enquanto esta última reivindica para si o mais belo dos horizontes, São Miguel vê, em todo entardecer, o sol cada vez mais pesado. Como se há cada despedida, desde sua fundação, a estrela maior perdesse um pouco de sua força, tivesse suas chamas arrefecidas, pelo concreto amargo, pelo aço imperioso e pelo sangue rejuvenescedor.
Não se engane. Há método no caos. E – acredite – há caos no método. Há quem acredite que se possa, sempre, apelar à ideia de espalhar as bolas em uma partida de sinuca para recomeçar, rebalancear as chances para todos, fazendo da sorte o juiz supremo. Há quem acredite exatamente no contrário. É preciso manter controle frequente, absoluto. Quem controla os parâmetros, controla as opções de resultado.
Camarilla e Anarquistas andam silenciosos demais. Tudo mudou. Membros e Anarquistas agora estão cada vez mais próximos de um embate real. Desde que a Sociedade de Leopoldo voltou à caça em uma Segunda Inquisição, os caçadores têm causado pânico em toda sociedade cainita. E, inclusive, têm feito parte (cientes ou não) da Jyhad na Camarilla e da Revolução Anarquista.
E há cada vez mais sangue vampírico misturado ao humano pelo caminho.