No alvorecer do Século XVIII, a luta era pelo maldito ouro. Essa pedra que que instiga monstros e assassinos a serem monstros e assassinos. Como pode? Como é possível a tão insignificante pedaço de rocha enfeitiçar, escravizar, humanos e imortais? O ouro é um deus macabro. O ouro é um fim em si.
– Xavier Ferrero, Notas sobre São Miguel
No começo, São Miguel não passava de uma paragem, à beira do Rio Vermelho, que servia de descanso e reabastecimento para viajantes, exploradores e comerciantes.
Enquanto o Rio Vermelho alargava-se em uma curva após um leito rochoso e criava uma área de excelente pasto para os animais das comitivas, em outro canto, duas colinas se amontoavam em uma clareira natural cravada na mata distorcida do cerrado brasileiro. Ali fora erguida uma simplória ermida para abençoar os viajantes. O ano, então, era 1705.
Pouco tempo depois, a região da recém-nascida São José da Boa Viagem, primeiro nome de São Miguel, já constava nos principais mapas de bandeirantes e demais viajantes. Por ali, pousou, inclusive, o bandeirante Borba Gato e sua comitiva, por algumas vezes, em jornadas pouco documentadas à época e posteriormente.
Muita gente usou São José da Boa Viagem como ponto de partida para procurar ouro e outros metais preciosos na região. E foi assim que chegaram à cidade vários de seus habitantes. Gente que foi se instalando para começar uma nova vida, como aventureiro ou comerciante. O ‘negócio de currais’, que oferecia estábulos e currais de aluguel para os animais das comitivas, que vinham cada vez maiores, logo se transformou na principal atividade econômica da cidade.
O ouro já havia sido encontrado nas terras da região e os desbravadores que o encontraram, em grande parte bandeirantes paulistas, não conseguiam impedir a chegada de cada vez mais gente interessada em riqueza. Forasteiros de todo canto do Brasil e do mundo se uniam a portugueses que já estavam na região para exigir sua chance de explorar a terra. De um lado os bandeirantes paulistas, liderados por Borba Gato, queriam exclusividade. Do outro lado, os ‘emboabas’, liderados por Manuel Nunes Viana exigiam lutavam por também poderem explorar as terras.
A Guerra dos Emboabas foi definitiva para o crescimento de São José da Boa Viagem. Enquanto as cidades envolvidas na disputa enfrentavam cercos e privação de mantimentos e ferramentas, a jovem cidade mineira serviu para favorecer o comércio dos dois lados. Com o final da guerra, em 1709, paulistas rumo ao centro-oeste do país ainda deixaram na cidade muito dinheiro enquanto se abasteciam para a nova empreitada. Neste mesmo ano fora criada a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro.
Por volta de 1711, um ex-combatente na bandeira de Borba Gato, um espanhol chamado Sávio Coimbra, chegou à cidadezinha com uma grande comitiva cheia de cargas, escravos (negros e índios escravizados), homens misteriosos armados e algum bom dinheiro.
O vilarejo, que já vinha sofrendo com o crime e assaltos de gado e patrimônio há algum tempo, considerou que a presença de gente bem armada poderia ajudar com o problema. A Coroa estava distante e forças de segurança não se preocupavam com cidades pequenas.
Os recém-chegados compraram uma fazenda com grande casarão e se instalaram. Apesar de reclusos, passaram a ser muito bem-vindos na cidade, uma vez que pagavam bem e à vista por tudo que precisavam. Em 1720, após a Revolta de Vila Rica (contra a cobrança do ‘quinto’), foi criada a Capitania de Minas Gerais (desmembrada da Capitania de São Paulo). Passado algum tempo, Coimbra começou a comprar antigos currais abandonados ou com problemas financeiros ao passo que o crime na cidade também ia acabando. Antigos provocadores e criminosos desapareceram por completo em poucos anos.
Por volta de 1725, Coimbra era dono da quase totalidade do “negócio dos currais” em São José da Boa Viagem. A paz estava instaurada. Coimbra e seus ex-bandeirantes formaram uma força econômica e militarizada na cidade. E passaram a influenciar diretamente na vida política da cidade. Ninguém ousava enfrentar o poder que gradualmente crescia. Os poucos que se opuseram, logo foram convencidos a procurar outras paragens.
Enquanto as cidades mineiras cresceram inicialmente a partir da extração direta do ouro de aluvião (aquele ouro extraído a partir das margens dos rios), São Miguel (à época ainda chamada de São José da Boa Viagem) consolidou-se, principalmente, na pecuária, servindo de pastagem para animais em expedições (currais de aluguel) e depois como atividade econômica de fato, criando e vendendo-se gado e carne para toda a região, principalmente abastecendo as cidades do ciclo do ouro de Minas.
Por volta de 1726, chegou à cidade um jovem mineiro chamado José Gonçalves. Gonçalves vinha de uma família com algumas posses em Sabará/MG, mas sonhava em ter seu próprio destino. Reuniu o que lhe cabia da herança do pai e veio para a as terras de São Miguel. Apesar de jovem, conhecia bem o trabalho e não demorou até a encontrar seu primeiro veio de ouro. Na verdade, Gonçalves foi o único a encontrar alguma coisa por aqui. Em suas terras, encontrou um veio de prata, metal raro em toda a região. Rapidamente ganhou dois novos sócios: Sávio Coimbra e um amigo representado pelo poderoso negociante de gado.
José Gonçalves, em menos de 10 anos, passou de ‘recém-chegado’ a ‘grande senhor’ em São Miguel. Sua mina de prata produzia prata de excelente qualidade e acabou escapando do ‘quinto’ da Coroa Portuguesa devido a conexões do sócio de Coimbra com a própria Coroa. Em 1736, a Cia. das Minas de São Miguel era uma força econômica singular em toda a região. Havia ganhado segurança reforçada, com apoio da própria Coroa.
Tamanha foi a força que a prata desempenhou na cidade, que a própria cidade passou, paulatinamente, a ser conhecida pelo nome do arcanjo que batizava as minas de Gonçalves. Chamavam a cidade de “Cidade da Mina de São Miguel”, “Cidade de São Miguel”, “Prata de São Miguel”. Em tempos futuros, este veio a ser nome da cidade, cuja extração de prata foi a principal força motriz por mais de um século. Durante todo esse tempo, “os Gonçalves”, como vieram a ser conhecidos os filhos e netos de José Gonçalves, desempenharam papel importante na política regional e, também, na própria Jyhad de toda a região.
As décadas fluíram com São José da Boa Viagem crescendo em torno de suas principais atividades econômicas: os “currais” de Coimbra e a mina de prata de Gonçalves.
Em 1751, os Jesuítas instalam na cidade uma missão orientada à catequese de índios bravios trazidos pelos comerciantes, escravistas e outros. A chegada dos pregadores católicos foi muito bem vista pela sociedade local. Em 1755, foi fundado o primeiro colégio jesuíta dedicado a ensinar a jovem aristocracia. O colégio recebeu o nome do anjo guerreiro que também batizava as minas de seu maior patrono, chamando-se Colégio São Miguel Arcanjo (outro aspecto que colaborou para a mudança de nome da cidade no futuro). Entre seus fundadores estava o recluso pároco italiano Xavier Ferrero, conhecido pela erudição e autoridade que acabava exercendo sobre estudantes e religiosos locais. Com a expulsão dos Jesuítas em 1759, Ferrero foi preservado em São Miguel em razão de suas relações com a aristocracia local. O colégio mudou de nome e de formação. Os bens dos jesuítas na região foram confiscados pela Coroa e ficaram sob a administração de Sávio Coimbra e seu sócio Álvaro Mattos.
Em 1761, Álvaro Mattos é oficializado como o tão misterioso ‘antigo patrão e sócio’ de Sávio Coimbra e apresentado em grande evento a toda sociedade de São Miguel. Controlador de dezenas de ativos da cidade há décadas, aparece como força política predominante.
Em 1763, enquanto a capital do Brasil era transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, Laura Campos, atriz portuguesa viúva de um membro da Corte, chegava a São Miguel a convite de Sávio Coimbra. Ela então funda o Theatro Coimbra, em homenagem ao patrono. Neste momento, São Miguel passou por outra onda de desenvolvimento, uma vez que o eixo de exportação para a nova capital da Colônia estava muito mais próximo.
Em 1780, chegam a São Miguel dois imortais vindos da Corte Portuguesa: Epitáfio Moura e Antônio Gutierrez, a mando da própria realeza. Eles ocupam antigas propriedades do Governo na cidade e estabelecem que toda a Corte Mineira em São Miguel deveria mantê-los informados sobre suas ações. Ambos abraçam proeminências políticas e econômicas locais com grande lealdade monarquista (os irmãos Adalberto e Valéria Migueleto) e criam carniçais. Os representantes da Coroa Portuguesa não respeitam a ‘ordem natural’ das coisas na cidade e abraçam outros cidadãos miquelenses. Os meses seguintes são de muita tensão, com a iminência de uma guerra civil entre os imortais. O episódio fica conhecido como Coroada.
Temendo que a indústria colonial crescesse e gerasse riquezas fora do controle da Metrópole, a Coroa Portuguesa decreta, em 1785, uma lei que proibia a indústria na colônia do Brasil. Assim, somente indústrias básicas para necessidades locais, ainda sim, em baixa produtividade, poderiam existir. Isso impactou uma série de atividades nas capitanias mais desenvolvidas e gerou um terremoto econômico colônia afora. Epitáfio e Antônio fiscalizavam, com ajuda de sua prole, toda a atividade econômica (mortal e imortal) a mando de representantes da Coroa. Tornam-se figuras importantes rapidamente.
Em convulsão social na França, em 1789 a Bastilha cai e irrompe a Revolução Francesa, cujos impactos ecoam por todo o mundo ocidental. Em Minas Gerais, a Inconfidência Mineira deixa de ser apenas um movimento para se transformar num sentimento, transformando-se num fantasma a perseguir a Coroa pelas décadas vindouras.
Em 1793, chega cidade o Circo Murinoco trazendo consigo Áthila Jenkins, mágico e ilusionista. A chegada do mágico inquietou vários membros da Corte Vampírica da cidade. Diziam que era um poderoso artífice da magia pura. No entanto, em um momento trágico da História de São Miguel, durante a partida, um deslizamento de terra arrastou a carruagem de Áthila para o Rio Vermelho. Ele nunca mais foi visto. No mesmo ano, apareceram na cidade Argos Vanclair e Felipe Medeia. Ambos, mesmo sendo vampiros, só se apresentaram à sociedade imortal anos depois. Ainda assim, após a apresentação, os dois só foram vistos informalmente, e nos rincões da crescente cidade.
Na virada do século, em 1799, um evento importante aconteceu em São Miguel. Talvez um dos mais importantes de sua história de mais de três séculos. Na última noite deste ano e do século XVIII, a cidade foi atacada. Grupos de lupinos, embebidos por crenças nativas sobre a mudança de século, fizeram a sociedade imortal de São Miguel seu alvo. Muitos carniçais morreram, mas as defesas seguraram. Parte do fracasso do ataque dos monstros se deveu à chegada, meses antes, de uma nova força imortal na cidade: Petros D’noger, cujos saberes sobre o Oculto deram a vantagem tática necessária. Com apoio comprado da Igreja, cujas instalações haviam sido atacadas, começa-se a construção da Catedral de São Miguel Arcanjo. Neste mesmo ano, a cidade passou oficialmente a se chamar São Miguel.
Em 1808 a Corte Portuguesa, receosa dos desdobramentos das guerras na Europa, se muda para a colônia Brasil. Este episódio muda radicalmente tanto o presente do território, quanto seu futuro. A chegada da nobreza portuguesa resultou em uma série de evoluções para as demandas da colônia. Uma das mais significativas foi a abertura dos portos às nações amigas de Portugal. Isso reativou a indústria brasileira e permitiu que a colônia ampliasse seus mercados e começasse a estreitar laços comerciais com vários outros povos. Este acontecimento fortaleceu a Coroada. Que agora possuía dois novos membros: Paulo Paiva e Venceslau Nogueira.
Em 1809, um ensaiou-se um censo, por pedido da Corte, para se compreender o tamanho da colônia que agora passava a ser tratada com mais seriedade. Salvador, descobriu-se, era a cidade mais populosa da América Lusitana, com cerca de 70 mil habitantes. A nova capital, Rio de Janeiro, possuía 50 mil habitantes, enquanto, em Minas Gerais, duas forças disputavam o controle das almas e das minas: Vila Rica com 30 mil e São Miguel com 35 mil. Para se ter ideia, neste ano, Nova Iorque (EUA) possuía 60 mil habitantes, sendo a maior cidade daquele país.
Cientes da necessidade de se organizarem, os imortais de São Miguel, agora uma cidade grande e cada vez mais envolvida nos planos de todo tipo de criatura, fundam, oficialmente a Camarilla de São Miguel, em 1811. ‘Elegem’ o Ventrue Álvaro Mattos seu príncipe. A Toreador Laura Campos fica responsável pela guarda do Elysium, com ajuda de Sávio Coimbra, filho de Álvaro Mattos. O Nosferatu Xavier Ferrero e o Tremere Petro D’noger compõem a Primigênie junto ao Brujah Venceslau Nogueira (da Coroada). Neste mesmo ano, é apresentado à Camarilla Fernão Ferraz, do clã Brujah, um temido senhor do submundo. Pelo apoio de Ferraz, Mattos concede a ele o título de Xerife e o Abraço de um mortal à sua escolha e a criação de uma certa quantidade de carniçais “para a segurança da Camarilla”. Neste ano também é formada a I Corte de São Miguel. Em 1812, Ferraz apresenta sua prole Arthur Mendes Alim, um traficante influente na região dos portos fluviais de São Miguel. Venceslau Nogueira então, como forma de atestar sua força, apresenta dois novos Membros abraçados por ele: Iago Lamar e Delfim Lisboa. Nesta data, todos os vampiros tiveram um prazo de três meses para se apresentarem formalmente à Corte. Apesar dos convites formais, os portugueses monarquistas preferiram não integrar e legitimar uma corte que não os colocasse como personagens centrais. Duas coteries então se firmara: a Corte e a Coroada.
Em 1813, a parte superior Catedral de São Miguel Arcanjo é concluída. Seu subsolo é planejado para se transformar numa vasta biblioteca, local seguro contra novos ataques, ambiente à prova de incêndios e enchentes do Rio Vermelho. Dezenas de túneis são construídos ao redor do terreno. O pároco Xavier Ferrero se muda para o local.
Em 1815, o Brasil é alçado à condição de Reino e Sede do Império Lusitano. A Coroada agora antagoniza Mattos e sua Corte frontalmente. A Coroa Portuguesa interfere em uma guerra prestes a acontecer em São Miguel. A Corte é oficializada como representante máxima da Camarilla e a coterie Coroada, apesar de reconhecida, é forçada a se estabelecer como grupo menor dentro da Camarilla. Para tanto, Antônio Gutierrez é integrado ao Conselho da Primigênie como “observador”, apesar de manter canal aberto com Mattos.
Em 1816, uma missão artística francesa chega ao país para retratá-lo e acompanhar as missões e eventos da corte. O escritor Jeán Millet conhece São Miguel e se apaixona pela cidade. É apadrinhado por Laura Campos.
Por volta de 1820, os ‘ventos da mudança’ começam a soprar na direção da ‘consolidada’ Monarquia Luso-Brasileira. Temores de uma possível ruptura com a ordem vigente vinculada à Portugal percorrem o país.
Em 1822, após uma série de evoluções políticas, de caráter liberal, espalhadas por toda a Europa, o Brasil, na figura de seu Príncipe Regente, Dom Pedro I, se torna independente de Portugal. Aproveitando-se do cenário de decadência da presença aristocrática portuguesa no Brasil, imortais de todo o país expulsam ou eliminam cortes portuguesas por todo o país. Em São Miguel, Antônio Gutierrez desaparece e Epitáfio Moura rompe com a Coroa Portuguesa, jurando lealdade à Coroa Brasileira. Os demais membros da Coroada seguem sua liderança, enquanto os demais rebeldes portugueses encontram a morte final em vários lugares do país. Para se desvencilharem da sombra de leais à Portugal, mudam o nome da coterie para Monarquistas.
Estados Unidos, Portugal e a maior potência da época, a Inglaterra, reconhecem, em 1824, o Brasil como nação soberana. Ocorre neste ano também o I Convenção das Cortes do Brasil, lideradas pelas cortes Baiana, Pernambucana, Mineira e Paulista.
Nas décadas seguintes, revoluções eclodiram por todo o Império do Brasil. Todas lutando por autonomia ou condições mais republicanas de organização de seus estados ou até mesmo da nação como um todo.
Em 1827, Davi Antonini, afilhado de Álvaro Mattos, chega a São Miguel trazendo plantas para o projeto de uma fundição de ferro inovadora, com modelo sueco, para produção de peças e maquinaria para as minas e engenhos da região. O projeto recebe bom aporte financeiro de Mattos e Coimbra e nasce então a Fundição Pedra Negra, em homenagem à fazenda onde foi construída.
Em São Miguel, apesar de os espíritos libertadores estarem em alta nos estados do nordeste e do sul do país, a coisa era mantida quieta, com mãos de ferro. A Corte e os Monarquistas estavam em tamanha concordância que quase se misturavam. Em São Miguel, uma aristocracia arraigada em seu poder, lentamente permitido e ampliado pela Corte de São Miguel, não tinha interesse em mudar as coisas. Estavam todos ganhando seus respectivos sustentos. Os negócios haviam evoluído e os principais personagens imortais da Corte estavam confortáveis com seus negócios e as fachadas humanas.
Ainda em 1828 os Monarquistas desfazem sua Coterie para integrarem oficialmente A Corte, estabelecendo alianças com os demais imortais, principalmente Mattos e D’noger.
Em 1831, Coimbra Abraça Gabriel Nogueira, que havia conseguido cartas de exploração mineral concedidas pelo Império, com a permissão de Coimbra e Gonçalves e sua Cia. das Minas de São Miguel. Enquanto se estabelecia no ramo da mineração, Nogueira trouxe para a cidade o primeiro jornal de fato: o Arauto de São Miguel.
Entre as décadas de 1830 e 1860, com a decadência da exploração mineral durante os anos seguintes, impulsionada por movimentos anti-escravagistas e abolicionistas cada vez maiores, a principal atividade econômica de São Miguel, a mineração de ouro e prata, entra em declínio. Os teatros antes repletos, estavam vazios. Restaurantes refinados, agora estavam abandonados. Uma grande depressão econômica assolou várias cidades de Minas Gerais.
Já em outras terras brasileiras, o café se tornava a principal atividade econômica, assumindo a liderança entre as principais exportações da nação.
Em 1834, com a implantação da Tarifa Alves Branco, o mercado nacional conseguiu fôlego para começar sua própria capacidade fabril. Enquanto os produtos importados recebiam altas taxas aduaneiras, o valor advindo de tal tributação era investido no Brasil em linhas de crédito e ampliação de serviços públicos.
Em 1860, Petro D’noger traz da Europa seu afilhado Péricles Santobro, recém-formado em Engenharia e um dos pioneiros do transporte ferroviário na América Latina. Juntos, fundam a Companhia Mineira de Ferrovias e conseguem financiamento para a construção da ferrovia São Miguel – Vila Rica, interligando os dois principais centros econômicos do quadrilátero ferrífero mineiro a um porto fluvial no Rio Vermelho. A ferrovia tinha 50km e recebeu dedicada atenção das cortes vampíricas de Vila Rica e São Miguel. Cortando as matas, garantia viagens tranquilas e protegidas para seus mais poderosos viajantes.
1865 – Santobro e D’noger constroem ferrovias por toda a região, escoando produções de couro, café e algodão. Na época o Brasil passava por um imenso avanço econômico. Em pouco mais de 20 anos, teria dobrado seu PIB. Santobro e D’noger enriquecem como nunca e seu poder em São Miguel agora faz frente à hegemonia de Mattos e sua prole. Diante de tamanho poderio, exigem mais espaço na Corte e recebem permissão para ampliarem seus ‘quadros’. Dois novos membros são apresentados em 1867: Patrícia Villas e Antônio Moreira Torres.
Em 1871, o Imperador visita o Egito. Muito se falou sobre quais os reais propósitos dessa visita e um alarme quanto à chegada de imortais desse país soou nas cortes brasileiras.
No ano de 1887, houve o segundo grande encontro das Cortes Brasileiras, evento sediado em São Miguel, que já despontava como importante protetorado dos imortais. Nesta II Convenção, cortes de todo o país debateram a questão dos escravos. Imortais que precisavam do sangue escravo contestavam as mudanças em curso. Para as demais cortes, de olho na ascensão de suas cidades e territórios, o passo estava dado e o Brasil acabaria com a escravidão. O fim da escravidão também romperia o principal pilar da Monarquia no país e poderia leva-la ao colapso, abrindo espaço para novos centros de poder. Um ano depois, a Lei Áurea libertou todos os escravos no país.
Em 1888, é assinada a Lei Áurea, dando liberdade total aos mais de 700 mil escravos ainda no país. Imortais portugueses e monarquistas começam a abandonar o Brasil. Há grande vácuo de poder em vários centros. Em São Miguel, os escravagistas Epitáfio Moura e Adalberto Migueleto são dados como desaparecidos. A Corte acompanha o movimento nacional. Escravos são libertos, mas agora dependem de trabalho para viver. Uma nova força econômica e política se inicia.
Com a Monarquia em crise devido à libertação dos escravos e as mudanças na organização da política e do poder, em 1889, a República Federativa do Brasil é proclamada pelo militar Deodoro da Fonseca. Neste mesmo ano, em razão das mudanças ocorridas em todo o país, São Miguel se reúne para assimilar todas as mudanças vindas no lastro dos acontecimentos políticos na esfera do país. Entendeu-se, então, que era hora de novas lideranças serem também assimiladas pela Camarilla de São Miguel. São Miguel conta agora com mais de 90 mil habitantes, e cerca de 30 imortais. Ciente que era preciso ter mais força para controlar quaisquer usos das mudanças no Brasil para fins contra seu poder, Mattos permite a Fernão Ferraz abraçar duas novas crias. Ferraz então apresenta Valmor Costa e Rubem Ferreira, ambos homens da Lei de confiança de Ferraz e Coimbra. Com a mudança na ordem das coisas, Venceslau irrompe contra Mattos. Uma guerra está armada, mas é desarticulada pela Primigênie, ao custo da morte de Iago Lamar. Venceslau recua e, para sobreviver, cede parte de seu território a Ferraz. Tempos depois, quando a poeira baixa, um Conselho é formado com os principais líderes e representantes dos imortais para ‘aconselhar’ o Príncipe. Pela primeira vez, domínios são oficialmente estabelecidos, assim como símbolos e sinais para identificá-los. As Tradições são reforçadas e o controle para a criação de novos imortais (Abraço) começa a ser efetuado com mãos de ferro pela Camarilla. Descumpridores serão banidos ou destruídos. Estabelece-se, em 1890, uma reunião formada onde a estrutura de controle é atualizada. Forja-se a II Corte de São Miguel.
Em 1893, a partir da divisão eclesiástica do Brasil em duas províncias (Salvador e Rio de Janeiro), aumenta-se a atividade não-controlada da Igreja em São Miguel. Chega à cidade o Padre Freixo, membro da Sociedade de Leopoldo interessado em revelar e caçar criaturas sobrenaturais.
Em 1897 chegam a São Miguel dois imortais monarquistas Afrânio Goés e Teodoro Martins, dispostos a abdicar de suas ideologias em troco de proteção, uma vez que estavam sendo caçados em outros domínios. Ambos recebem permissão para ficar por meio de favores a seus novos senhores.
Pouco tempo depois, 1899, Petro D’noger consegue autorização do Principado para abraçar um habitante de São Miguel: Victor Mascarenhas. Para evitar problemas com outras lideranças, o Príncipe Mattos permite que os mais antigos expandam suas proles.
São Miguel vive outra impulsão de desenvolvimento oferecendo máquinas e equipamentos para o Clico da Borracha, na região Norte do Brasil. Em 1902, São Miguel oferece de tudo, de trabalhadores especialistas a ferramentas e financiamento para a exploração e exportação do produto. Chega à cidade, a convite de Fernando Ferraz, Gregório Lima, importante intelectual paulistano que procurava abrigo após problemas na capital paulista. Mattos ajuda a resolver os imbróglios com o principado paulistano e Gregório Lima acaba por assumir uma dívida de vida (ou não-vida) com Álvaro.
Em 1903 o território do Acre é incorporado ao Brasil. E em 1904 o sanitarista Oswaldo Cruz inicia suas campanhas pela erradicação de doenças. As ações de Cruz são vistas com desconfiança por muitos.
Em 1905, José Gonçalves e Gabriel Nogueira fundam a Universidade de São Miguel e deram seus domínios à Gregório Lima. O malkaviano abraça, com permissão d’A Corte, proeminentes pensadores atraídos pela Universidade.
Em 1907, Goés desaparece. Espalha-se a notícia que fora ‘caçado’ por Padre Freixo, temido representante fiel da Fé Verdadeira. Petro D’noger enfrenta o príncipe em uma reunião, espalhando que Mattos havia ‘entregado’ Goés para saciar a busca de Freixo e aquietar o pároco caçador. Álvaro Mattos não admite o comportamento de D’noger e faz valer suas prerrogativas, isolando D’noger e sua prole. Ocorre o primeiro Cisma de São Miguel. Os Tremere da cidade isolam as quadras ao redor de sua Capela. A tensão domina a cidade. Neste ano também é iniciada a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, cujos materiais de construção, em grande parte, são de São Miguel.
No ano de 1910, Gabriel Nogueira começa a explorar uma área ao redor de suas minas e encontra veios de minério de ferro. Começa a explorar o minério ali, descobrindo mais e mais veios. Nasce a Mineração São Miguel.
Em 1914 inicia-se a I Guerra Mundial. O Brasil forneceu commodities para os países em Guerra. São Miguel enriquece enviando seus produtos.
Em 1918 a Gripe Espanhola assola o mundo. No Brasil, o próprio presidente é vítima da doença. Em São Miguel, milhares morrem e muitas famílias vivem a ‘alternância de poder’ em seu interior. Isso gera algumas mudanças no xadrez político dos imortais.
Em 1923, é criado em São Miguel o Complexo Siderúrgico Santobro & Filhos. D’noger e Santobro agora estão entre os maiores produtores de aço da América Latina, usando o minério disponível na região.
Em 1930, Getúlio Vargas assume o governo nacional, dando início a amplo projeto de industrialização e populismo. Gabriel Nogueira é dono das maiores minas de minério de ferro do Brasil. Recebe autorização para abraçar seu executivo Thiago Pellegri a fim de expandir seu controle nos quadros da importante fonte de ferro.
Em 1937, Vargas assume de vez o poder em outro golpe, dissolve o parlamento e decreta o Estado Novo. Movimentos anti-varguistas ocorrem em todo o país. Em São Miguel, uma imortal recém-chegada é apontada como mentora de grandes movimentos anarquistas: Isabella Antunes. Isabella é convocada à presença de Mattos, mas se nega a prestar obediência. Na tentativa de prendê-la, carniçais morrem e uma guerra ameaça assolar a cidade. Isabella informa ter cerca de outros 10 imortais em seu apoio, inclusive nas fileiras do poder atual. Para evitar uma guerra aberta, Mattos ordena que a anarquista e seus comparsas sejam isolados nos bairros populares, de operários. Nasce o Movimento Anarquista de São Miguel.
Dois anos depois, em 1939, a Alemanha invade a Polônia, dando início à II Guerra Mundial. No Brasil é furado com sucesso o primeiro poço de petróleo. Luigi Piedmonte chega à São Miguel para prospectar petróleo.
Em 1940, ocorre nova tentativa de ataque contra os imortais de São Miguel por parte de gangues lupinas cujas terras foram envenenadas pela exploração mineral. Os lupinos atacam pelo lado leste da cidade, pelo território anarquista. Isabella e seus companheiros conseguem conter o ataque. Mattos organiza um ataque em seguida e expulsa os anarquistas mais para leste. Eles perdem sua principal base de apoio. Isabella Antunes é capturada. Na ocasião, os Anarquistas elegem um novo líder, Heleno Sarento. Sarento exige que Isabella seja libertada, e Mattos condiciona tal ato ao afastamento dos anarquistas. Cria-se a Zona Cinzenta, uma área aberta na cidade, sem proprietários.
Em 1945, com o fim da II Grande Guerra, o mundo entra em uma nova fase de desenvolvimento, com as Américas enviando todo tipo de recurso para a reconstrução da Europa. Em São Miguel, Laura Campos apresenta suas duas novas crias: Diogo Almeida e Cristina Allandra. Ambos abrem clubes e ambientes de entretenimento em alto padrão em São Miguel. Almeida abre o Clube do Imperador, para a alta sociedade de São Miguel. Allandra abre o circuito de Teatros da Noite, quatro ambientes para exibições artísticas de todos os calibres.
Fugindo a perseguição aos comunistas e socialistas, chega à cidade Lucas Morais, em busca de abrigo. Ele é prontamente protegido por Sarento e Antunes em 1947. Após Morais, chegam à cidade outros imortais de correntes ideológicas perseguidas. Mattos ameaça buscar apoio do Governo Federal para caçar os comunistas e anarquistas, mas ciente que o fato chamaria muito a atenção, faz um pacto com eles: eles deveriam trabalhar pela manutenção da Máscara e não influenciar os trabalhadores do setor da mineração com suas ideias subversivas. Assim seriam permitidos nos territórios ao Leste. Forja-se, com a benção d’A Corte (Camarilla) e do Comitê (Anarquistas), o Pacto do Silêncio de 1947.
Com apoio da Camarilla em todo o país, Juscelino Kubitschek é eleito em 1956, após o suicídio de Getúlio Vargas. Iniciam-se os planos para construção de Brasília, e todo aço da obra sairá de São Miguel.
Em 1959, Sarento impele os trabalhadores do setor do aço a entrarem em greve em busca de mais direitos. Santobro perde grande parte de sua capacidade produtiva. A contenda dura meses e não há qualquer movimento de Mattos ou outros imortais para pressionar Sarento.
Em 1960, Santobro perde seus principais contratos graças às greves induzidas por Sarento. Brasília é concluída, apesar de tudo. No entanto, Sávio Coimbra força Santobro a vender parte do complexo para ‘ajudar’ na recuperação. Santobro vende a preço quase simbólico.
Em 1961, Coimbra consegue o fim da greve. Sentindo-se traídos, D’noger e Santobro ameaçam guerra aberta com a Corte, o que gera um grande temor em toda a cidade. É o II Cisma de São Miguel. No fim deste ano, Mattos entrega a D’noger e Santobro uma área o domínio da Faculdade de Medicina de São Miguel e o Hospital Central para a Capela Tremere, além de outras posses pela cidade. O controle do porto fluvial de São Miguel passa para D’noger. A paz é restaurada.
Em 1963, chega a São Miguel Altamiro Malthus, poderoso imortal convidado por D’noger e Santobro. Ele logo é recebido por Mattos e ambos selam uma paz tênue entre Ventrue e Tremere, mediada por Xavier Ferrero.
Em 1964, um golpe militar depõe o presidente do Brasil e se inicia a Ditadura Militar. Os militares perseguem socialistas e anarquistas. São Miguel recebe imortais de todo o país em evento chamado de Imigração do Chumbo. A Máscara está por um fio e Mattos propõe uma reunião com o Anarquistas para tratar do futuro deles. Nesta reunião Mattos dá um golpe e captura Isabella Antunes e Heleno Sarento. Comunistas e anarquistas (humanos e não-humanos) são caçados por toda a cidade com apoio dos militares. O Pacto de Silêncio está terminado. O evento fica conhecido como Traição do Sangue Azul.
Em 1965, Mattos institui Acordo de Controle de Membros, conhecidamente chamado de O Lacre. Ficam proibidas a criação, convite e chegada de novos Membros. O Comitê é informado que a regra vale para toda a cidade e contesta. A tensão nascida leva-os a contendas isoladas durante os anos seguintes.
Em 1970, Mattos entrega ao Padre Freixo e seus caçadores alguns carniçais capturados e os vampiros Isabella Antunes e Heleno Sarento. Todos são sumariamente executados, exceto Isabella Antunes, que seria enviada ao Rio de Janeiro e depois ao Vaticano, para ser ‘estudada’. Ciente do risco que corriam, Mattos ordena que Ferraz acabe com o sofrimento da vampira e livre a barra de todos. Antes que Ferraz pusesse seu plano em ação, a comitiva que levava a vampira é atacada, no caminho para o Rio, por grupo de lupinos enfurecidos. Quase todos são mortos. Antunes é destruída. Os sobreviventes informam ao Vaticano a existência de Lupinos na área.
De 1971 a 1973, várias incursões do Exército e caçadores do Vaticano praticamente dizimam a presença lupina em toda a região. A Corte na cidade vibra com a remoção de seus maiores inimigos (lupinos e anarquistas) em poucos anos. A Corte compra o silêncio dos representantes da Igreja e do Exército.
Em 1974 começa o período de reabertura política no Brasil, abrindo caminho para a redemocratização.
De 1975 a 1979 grandes investimentos feitos pelos militares em todo o Brasil enriqueceram ainda mais os poderosos de São Miguel. Em 1977, Mattos conclama todos os líderes vampiros de São Miguel e reforja sua corte. Forma-se a II Corte de São Miguel.
Em 1980, o ‘milagre econômico’ revelou-se uma fraude que mergulhou o país em hiperinflação e desespero. A economia enfrentou forte revés. A exploração do minério caiu, a produção do aço caiu. Setor de serviços começou a passar por profundas transformações. Forte desemprego e a miséria nas grandes cidades. Mattos e Coimbra percebem que não estão mais conseguindo acompanhar as dinâmicas dos novos tempos.
Em 1984, em São Miguel, funda-se o Culto da Pedra Negra. Uma crença que se espalha nos antros pobres e miseráveis da cidade. Seu líder é um mendigo, pregador de sangue-ralo chamado Pedro Rodrigues, ou Pedro Pedra Negra. Sua presença acalma os desesperados aos milhares e ele passa a ser tolerado na cidade. Ninguém sabe quem é seu senhor. Descobre-se que nem mesmo ele sabe.
Em 1985, José Gonçalves passa a ser convicto apoiador do Culto da Pedra Negra, investindo muito dinheiro no Culto. Nasce a Ordem da Pedra Negra, ordem exclusiva para vampiros dessa crença.
Em 1988, uma nova Constituição é publicada e inicia-se um novo processo democrático no Brasil. Termina a “ordem à força” e a mensagem do Movimento Anarquista volta a correr nas ruas da cidade.
Em 1989, com a aprovação da nova Constituição de 1988, ocorrem as primeiras eleições presidenciais diretas, desde 1960. Em 1994, Fernando Collor de Melo é eleito.
Um dos principais feitos de Fernando Collor foi “abrir o Brasil ao mundo”, o que trouxe grande dinamicidade para a economia, mas também afetou muito o mercado interno brasileiro. No entanto, após um escândalo de corrupção, Collor é removido do poder e substituído por Itamar Franco, seu vice. Com Itamar vem o Plano Real, que além de influenciar bastante a economia, chancela o então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, para a eleição à Presidência. Em 1994, FHC é eleito e reeleito em 1998.
No ano de 2001, o mundo mortal e imortal foi atormentado por um evento de grandes proporções. O Atentado de 11 de Setembro, nos EUA, colocou o país em fúria contra várias ‘brechas de segurança’. O Ato de Proteção da América, vindo no lastro dos efeitos deste evento, colocou toda força e tecnologia do mundo ocidental de olhos abertos, o que levou a várias descobertas sobre as atividades sobrenaturais.
Em 2002, a Internet já se revela como poderosa ferramenta de comunicação e une Membros em todo o planeta. Os Nosferatu, com a ShrekNet já possuem então uma imensa base de informações sobre o modus operandi da Sociedade Vampírica.
Em 2003, Fernando Henrique Cardoso é substituído no comando do país por Luís Inácio Lula da Silva. Com Lula e as conquistas dos anos anteriores, o Brasil entra em uma nova fase de crescimento. Mineradoras ganharam muito dinheiro e isso enriqueceu mais ainda os cofres de São Miguel. A cidade também cresceu em termos de população, com o aquecimento da extração mineral. As disparidades de renda típicas do país diminuíram um pouco e mais acesso à educação permitiram uma mudança substancial na percepção do poder. Ao redor do globo, mais e mais ações causadas por agências de investigação e Estados resultavam no desaparecimento ou morte de Membros.
Em 2004, uma série de eventos ao redor do mundo culminaram na morte de milhares de Membros. Tudo chegou a ser visto como ‘grande coincidência’ até que ataques mais coordenados aconteceram. Soube-se que foi nesta época que a NSA descobriu a SchrekNet dos Nosferatu.
Em 2005, Jorge Pereira ascende entre a ralé dos vampiros de São Miguel. Um sangue-ralo altamente carismático, Pereira assume posições corajosas em algumas situações. Numa delas, enquanto pregava para um grupo de sangue-ralo nos porões de um clube noturno, foi atacado por carniçais a serviço de Ferraz. Sua capacidade de luta e seu discurso inspirador resultaram na afirmação de sua figura como bastião Anarquista na cidade.
Em 2007, reuniões frequentes d’A Corte pedem o fim do Lacre. Segundo os requerentes, as defesas da cidade, agora com milhões de habitantes, estão vulneráveis. De acordo com o Censo, a cidade aproximadamente 3 milhões de habitantes e cerca de 40 membros conhecidos. Álvaro veta o projeto, insistindo na criação de tropas de carniçais e no aparelhamento das autoridades de polícia e contratação de mercenários. Ele receia os riscos de haver muitos membros pela cidade. Principalmente depois dos eventos de violência e desaparecimento de Membros.
Em 2008, ondas de choque causadas por uma crise financeira avassalaram o mundo. Tal onda de choque e seus efeitos nas economias e vidas das pessoas comuns serviu de cortina de fumaça para grandes eventos na sociedade vampírica como um todo. Neste ano, após ação coordenada de forças de segurança estatais (FirstLight), Igreja e grupos de caça, a Capela Tremere em Viena foi totalmente destruída e a cidade Londres, pouco depois, foi completamente arrasada. Centenas de Vampiros, incluindo anciões poderosos, sucumbiram. Em ato contínuo, a Camarilla ordenou o total desligamento da rede SchrekNet, dos Nosferatu, em uma tentativa de esconder a presença vampírica. Várias medidas foram tomadas, e toda e qualquer comunicação eletrônica passou a ser proibida na Camarilla.
No ano de 2011, Dilma Rousseff era empossada Presidente do Brasil, surfando num momento de grande crescimento no país. A população Brasileira nem percebeu quando vários de seus principais centros populacionais foram alvos de ataques por forças de segurança em busca de Membros. São Miguel escapou deste evento em razão do Lacre, já há mais de 50 anos em curso.
Em 2012, o Conclave de Praga resultou em uma mudança na maré da vida dos Membros em todo o planeta. Após o assassinato de lideranças Ventrue pelo Brujah Theo Bell e seus asseclas, o clã Brujah acabou por sair oficialmente da Camarilla e migrar para o Movimento Anarch. Apesar disso, em São Miguel, Brujahs lealistas (agora chamados Helenistas) se mantiveram alinhados às suas posições de poder, como o Xerife Fernão Ferraz e sua prole.
2013 foi marcado por um grande e trágico evento na vida da sociedade dos vampiros de São Miguel. Conhecida como Caçada da Pedra Negra, vários Membros foram destruídos em ações organizadas. Investigações internas revelaram que não se tratou de nenhuma ação por parte de forças de segurança ou mesmo da Inquisição ou da FirstLight. Os Membros foram assassinados e grande parte das cinzas de seus antigos corpos foi capturada.
Com a entrada formal dos Banu Hakin na Camarilla em 2014, a cidade de São Miguel recebe Alice Smadara, representante do clã, que traz consigo dois aliados: Otto Junqueira e Anna Callas. Por serem convidados formais, sua chegada não fere o Lacre.
Em 2015, em resposta aos eventos do Conclave de Praga e à Caçada da Pedra Negra, Mattos instituiu um grupo chamado Guardiões da Torre, cuja função é localizar, investigar e capturar (ou executar) qualquer Anarquista, Sangue-Ralo ou Autarkis. O grupo foi liderado por Arthur Mendes Alim, com apoio da Primigênie. Vários conhecidos anarquistas foram pegos de surpresa, enquanto alguns líderes despareceram. Durante os anos seguintes, o grupo, além de promover estas ações, ofereceu iscas falsas à Firstlight, empurrando as forças desse grupo contra os Anarquistas.
Em 2017, em resposta a uma disputa de territórios, Mattos oficializou o banimento de qualquer Gangrel na cidade (lealista ou não), angariando territórios antes ocupados por eles para empreendimentos governamentais nas terras que eles ocupavam nos rincões da metrópole. Esse passo foi uma tentativa de aquietar os ânimos do governo brasileiro.
Em 2020, o ataque devastador em Los Angeles força a saída de dezenas de vampiros da Camarilla da cidade, que fica aberta às incursões do Movimento Anarquista. Lá se estabelecem os Estados Livres da California, que tornam a Camarilla non grata naquelas terras. Chega a São Miguel a sobrevivente toreador Ayla McTalbott, a convite de Sávio Coimbra e Laura Campos. Neste ano, também, a população mundial sofreu perda imensas em razão dos efeitos da Covid-19. Várias cidades precisaram decretar lock down e impedir qualquer tipo de aglomeração, o que prejudicou em muito os projetos de clãs como Toreador ao redor do mundo. Houve uma corrida por vacinas e vários projetos até então parados começaram a avançar. Na Universidade de São Miguel, um grupo patrocinado pelos Tremere, chegou a produzir insumos para as vacinas.
Em 2021, Mattos recebe, a pedido de seu senhor, o Lasombra Malek Ravranko. Ravranko chega com duas crias. Diante da chegada de mais um aliado de Mattos, o Conselho da Primigênia pressiona o Príncipe para romper o Lacre. Usam também o argumento que além da cidade ter passado dos 5 milhões de habitantes, precisam ocupar os vazios deixados pelo Movimento Anarquista recém-removido da cidade antes que alguém ocupe. Sem muitas opções, ele resolve permitir convidados (previamente aprovados pela Corte) e o abraço de neófitos lealistas, como forma de arruinar movimentos anarquistas restantes. A condição: Pacto de Sangue com todos os Neófitos. O evento é chamado como Do Lacre à Coleira pelos críticos de Mattos. Renovando o controle e abrangência na cidade, A Corte se encontra para a consolidação de sua reformulação, na III Corte de São Miguel, dando espaço para novas lideranças e representações.
Referências Bibliográficas: